Quando alguém diz algo, duas coisas, no mínimo, estão envolvidas: aquilo que foi dito e o ato de dizer algo. Em se tratando de asserções, o que foi dito, supondo a bivalência, é verdadeiro ou falso. O ato de dizer não é verdadeiro, nem falso, é uma ação e, como tal, produz um efeito sobre o interlocutor. Ter ciência desse efeito tem relevância prática para a boa condução de uma discussão. Dizer para o seu interlocutor que ele é burro, quando de fato ele é burro, o que geralmente pode ser contestado, haja visto a vagueza deste predicado, pode ser uma constatação, se for verdade, mas é uma constatação que evoca reações que minam o debate. Em geral, só um tolo vai chamar outro de burro em um debate.