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Mostrando postagens de dezembro, 2007

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Não é pouco comum o depressivo lançar-se mão da idéia não-voluntarista de que lhe é completamente impossível alterar as suas paixões. Seu fado, seu sofrimento, sua depressão são experiências que ele sofre sem qualquer escolha. Ele padece a própria dor, está a ela aprisionado, o que torna o seu martírio ainda maior: como se não bastasse a dor emocional propriamente dita, tem ainda de encarar a sua própria impotência e fraqueza. Embora essa idéia tenha uma boa dose de verdade, o seu exagero torna-se mentiroso. De fato, as paixões, as emoções são fenômenos que padecemos, nos ocorrem. No entanto, se, por um lado, não é possível que tragamos à tona uma paixão diretamente por uma decisão, por uma volição, é, por outro, perfeitamente factível fomentar e causar indiretamente uma paixão ou emoção pelo raciocínio, deliberação ou imaginação, dimensões da mente que estão sob razoável controle da volição. Não é, aliás, por outro meio além da estimulação da imaginação, que a retórica obtém a sua fin

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A segunda coisa que eu procurava fazer era apresentar o pensamento de cada escritor naquela que eu considerava a sua forma mais forte...Eu não dizia, não intencionalmente, o que pensava que um escritor deveria dito, mas antes o que o escritor de fato disse...O texto devia ser conhecido e respeitado, e sua doutrina apresentada em sua melhor forma...Sempre pressupus que os escritores que estudávamos eram muito mais espertos que eu...Se via um erro em seus argumentos, supunha que estes escritores também o teriam visto e teriam por certo se ocupado dele. Mas onde? Eu procurava por sua saída, não pela minha. Por vezes sua saída era histórica: em sua época a questão não precisava ser levantada, ou não surgiria, e não poderia, pois, ser prolificamente discutida. Ou havia uma parte do texto que eu negligenciara, ou não lera. Partia do princípio que jamais havia erros manifestos...Assim aprendemos filosofia...estudando os modelos...O resultado foi que eu relutava em levantar objeções aos modelo