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Mostrando postagens de setembro, 2007

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Breve consideração sobre as críticas literárias. É importante ficar claro que há pelo menos duas maneiras de tecer um comentário sobre um texto. Uma é a expressão direta do modo como o texto o afeta. Quando apelamos para este tipo de comentário, estamos focando a reação subjetiva diante de um texto. Frases como "gostei!", "achei emocionante", "lindo!" ou mesmo um "genial!", quando não vem acompanhado de uma justificativa que sustente a genialidade, servem para este propósito. Repare, no entanto, que embora esses comentários sejam a expressão de uma reação subjetiva, eles têm um valor objetivo considerável. Há uma grande diferença entre alguém que você considera um tonto dizer que gostou de um determinado texto seu e uma outra pessoa que você considera intelectualmente dizer a mesma coisa. Apesar das reações serem subjetivas, elas são o reflexo da formação e educação que as pessoas tiveram e, por isso, servem, em certa medida, como indicadores obj

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O preceito de que não devemos fazer ao próximo aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco esconde, no fundo, uma fraqueza, o medo de sofrer e ser magoado. A vontade comum de fugir do desprazer dá a forma do referido preceito. Para diminuir a chance de que a dor se concretize, impomos ao outro justamente o dever, a obrigação de não nos ferir. A imposição externa é retoricamente enfraquecida com a concessão ao julgamento interno: cada indivíduo é a media do prazer e desprazer e, portanto, do que devemos ou não evitar fazer ao próximo. Concessão pequena que em nada ajuda para encobrir a monstruosidade do dever imposto. Nietzsche chama essa moral de moral de rebanho , bem e mal demarcados por uma classe de fracos e oprimidos, ressentidos que, para suportar a sua própria fraqueza, denominam "má" a vontade de poder alheia. O preceito de não fazer ao próximo aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco é claramente um preceito de restrição da vontade ou mesmo do desejo, rest