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Mostrando postagens de julho, 2009

[150] Critérios de qualidade filosófica e a academia brasileira

A academia filosófica deveria mudar seus critérios de qualidade filosófica? Os critérios hodiernos mais consensuais, na academia filosófica brasileira, para um bom texto acadêmico são: ampla bibliografia primária e secundária, comentário rasante, sem vôos, isto é, que deixe o menor espaço possível entre o que é dito sobre um texto e o que o texto ele mesmo diz, falar menos que o autor estudado, falar preferencialmente sobre um autor só e necessariamente falar de algum autor, da idéia de algum autor, do argumento de algum autor, enfim, estar, de alguma maneira, nas costas de alguém, não qualquer um, mas alguém de porte, de peso. Estes critérios obviamente excluem uma produção que seja mais pessoal. Uma busca nas bibliotecas de teses e dissertações evidencia isso. A academia brasileira aceita majoritariamente esses critérios. Ela é assim. A pergunta que podemos nos fazer é se ela deve ser assim. Alguns diriam que tanto faz. O principal argumento para esta indiferença é o fato de ela não

[149] Seminário sobre Semântica e Cognição: pesquisas recentes em metafísica e epistemologia

Promoção do PPG-Filosofia/UFRGS 27 de julho, segunda-feira 11h Rogério Severo (UFRGS/UFSM) – Holismo e Estruturas Lexicais 12h intervalo 14h Flávio Williges (UFRGS/UNISC) – Ceticismo e Alternativas Relevantes 15h00 César Schirmer dos Santos (UFRGS) – Antiindividualismo e Memória 28 de julho, terça-feira 11h Jônadas Techio (UFRGS) – Solipsism and Resentment: Pushing Strawson’s Descriptive Metaphysics to the Limits intervalo 14h Paulo Faria (UFRGS) – Unsafe Reasoning 15h André J. Abath (UFPB) – Conceitos e Contexto Local: Mini-auditório do IFCH-UFRGS, Campus do Vale, Porto Alegre, RS RESUMOS : André J. Abath e Eduarda Calado (UFPB), “Conceitos e Contexto” O que separa os seres que possuem conceitos dos seres que não possuem? Quais os requerimentos que devem ser satisfeitos para que um organismo possa ser considerado como possuidor de conceitos? Ao buscarem responder tais perguntas, filósofos costumam dividir-se em ao menos dois grupos. No primeiro grupo, estã

[148] Carência do Absoluto

Abaixo segue-se uma reflexão que tenta apontar a causa psíquica do fanatismo: a carência do absoluto.  E se deus fosse o diabo? Nada mudaria. Assim como nada mudaria se deus existisse. Dostoievsky se questionava, "se deus não existe, então tudo é permitido"? Eis o problema do homem que se deixa corroer completamente pela incerteza e procura fora de si o fundamento para os seus valores. E tem algum fundamento? Valores não são todos iguais, alguns lhe são mais caros que outros. Podemos fundamentar alguns valores em outros mais preciosos. Mas lá no fundo, o que sustenta o seu valor mais querido? Nada. Ele carece tanto de fundamento quanto a sua certeza de que tem uma mão ao olhar para ela. São absolutos? De forma alguma. Rocha dura que nunca fura? Também não. Mas são vigas assim assentadas que só com muita mina para implodir. Ah, mas se é possível implodi-las, eliminá-las, estou no vazio, no escuro. Que me serve de guia? Eis o problema daquele homem novamente: sua carência de ce

[147] Ceticismo, sonho, vigília e contexto.

Uma pessoa que esteja sonhando não está em condições de saber se está sonhando ou se está acordado. Somente ao acordar se pode verificar: "eu estava sonhando" ou "as experiências que estava tendo eram experiências de sonho". Um motivo simples para isso é que, em sonho, o indivíduo não está com as suas capacidades cognitivas em pleno funcionamento. Em vigília, sim, pelo menos em princípio. É verdade que, em sonho, pode-se ter a falsa impressão de acordar de um sonho. E é verdade que, no sonho, você poderia falsamente pensar: "eu estava sonhando". O cético gostaria logo de concluir: se posso ter este pensamento tanto sonhando quanto em vigília, então não sei agora se estou a sonhar ou se estou em vigília. Mas esta inferência é inválida. Para torná-la válida, precisamos de uma premissa francamente falsa. Vejamos. (1) Após acordar, em vigília, posso pensar: "estava sonhando". (2) Após ter a impressão de acordar, em sonho, posso pensar: "estava s