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Mostrando postagens de abril, 2007

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Quando alguém diz algo, duas coisas, no mínimo, estão envolvidas: aquilo que foi dito e o ato de dizer algo. Em se tratando de asserções, o que foi dito, supondo a bivalência, é verdadeiro ou falso. O ato de dizer não é verdadeiro, nem falso, é uma ação e, como tal, produz um efeito sobre o interlocutor. Ter ciência desse efeito tem relevância prática para a boa condução de uma discussão. Dizer para o seu interlocutor que ele é burro, quando de fato ele é burro, o que geralmente pode ser contestado, haja visto a vagueza deste predicado, pode ser uma constatação, se for verdade, mas é uma constatação que evoca reações que minam o debate. Em geral, só um tolo vai chamar outro de burro em um debate.

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Se, em uma discussão, você se vê obrigado a dizer para o seu interlocutor que ele não entende um determinado ponto, então isto é evidência de que provavelmente você mesmo não tem clareza sobre este ponto e, por isso, não conseguiu fazer com que o seu interlocutor o entendesse. Aplicar o benefício da dúvida tem a desvantagem de tornar a argumentação mais árdua, mas a vantagem correspondente é tornar o argumento mais forte.