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Mostrando postagens de novembro, 2008

[100] Vaidade e Verdade

Caminhamos ou desejamos caminhar para a verdade, seja a de si, ou a de outrém, ou de alguma coisa. O caminho já é turvo pelas nossas finitudes, pelos preconceitos que não saem à primeira análise. Adicione a isso tudo o maior dos obstáculos: a vaidade. Nas discussões lá está ela acentuando a discordia e impedindo a convergência pelos métodos mais infames: mentira, descrença e aparência. A vaidade faz com que o homem se despreenda da sua evidência interna. Sua mente corre livre e solta para fabular e confabular, respeitando apenas a evidência externa, a voz alheia que se deseja solapar. As próprias chagas já não são sentidas, mas somente aquelas que os outros apontam e cutucam. Para vencer, para saciar a sua sede de poder, o homem se liberta do seu sentido de correção em nome do seu sentido de aparição. Ele se descrê para que o outro lhe creia. Com duras marteladas esse homem desvia a sua rota da verdade para a mentira. Pouco importa desde que seu nome belo e sublime continue intocável.

[99] Corpo e Filosofia

A vida sempre derrota a filosofia, por mais inventiva e contundente que esta última seja. O filósofo gera razões para dúvidas (Hume), cria gênios malignos (Descartes), mas o corpo crédulo do filósofo resiste crendo. O filósofo cria éticas negativas (Cabrera), desnuda o desvalor da vida, pinta em tons cinzas a nossa miséria (Schopenhauer), o absurdo de existir (Camus), mas o corpo deste mesmo filósofo apossa-se dele e reluta em viver. Na verdade, é o corpo que sempre derrota a filosofia, que invade truculento e irracional a arena da argumentação. Ainda mais fatal é o fato de ser sempre dele a palavra final. O que nos levanta a dúvida quanto à eficácia da filosofia. Pontualmente, ela pode ter alguma, tornando uns e outros vegetarianos, etílicos moderados etc. No entanto, somente o faz porque o corpo da à razão/filosofia uma pequena liberdade de manobra em alguns de seus meandros. Em outras regiões, a balbúrdia filosófica é simplesmente inaudita ao corpo. Algumas coisas a gente, o eu raci

[98] Definição matemática

Uma definição matemática de uma entidade é impredicativa (impredicative) se ela faz referência a um conjunto que contém a entidade definida. Isso não é problemático quando lidamos com conjuntos finitos. A definição do sujeito mais alto de uma sala é impredicativa, pois ela faz referência ao conjunto das pessoas na sala, o qual contém como elemento o sujeito mais alto da sala. Há uma certa circularidade na definição, pois a entidade definida é pressuposta ou referenciada por meio do conjunto que a contém. A situação não é tão pacífica quando a definição impredicativa faz referência a conjuntos infinitos. É o caso da definição de supremum . Seja X um conjunto, supX é o menor elemento maior que todos os elementos de X. Para definir supX , primeiro identificamos o conjunto de todos os elementos que servem de limite superior a X, isto é, qualquer elemento deste conjunto é maior ou igual que todos os elementos de X. Então, se s= supX , então s deve satisfazer: para todo x E X, x<=s. Ess