Sexto Empírico tem o seguinte argumento contra hipóteses que ele atualmente não tem como contrabalancear: ora, embora agora não se tenha nenhum argumento contra T e nem mesmo se possa conceber tal argumento, isto não implica que amanhã não estaremos em condições de elaborar este argumento, da mesma forma como, em tempos passados, não víamos como contrabalancear P e hoje concebemos como fazê-lo.
Podemos desenvolver melhor este argumento do Sexto.
(1) O horizonte do possível e o horizonte do concebível não são coextensivos. Nem tudo que concebemos é possível. E é possível que algumas possibilidades não sejam concebíveis. Estão além das nossas capacidades conceituais.
(2) Só podemos acessar possibilidades através do que concebemos, ou seja, através de nossas capacidades conceituais.
(3) Não há uma intuição intelectual das possibilidades. Temos de pensá-las, concebê-las.
(4) Há, portanto, entre nós e o horizonte das possibilidades o véu do concebível.
(5) A evidência mais forte que podemos ter para um enunciado do tipo "é impossível que p" é a mesma que temos para um enunciado do tipo "presentemente, é inconcebível que p". Isto se segue da tese de que o único acesso que temos à possibilidade é por meio do concebível.
(6) O horizonte do concebível se expande ou se comprime conforme enriquecemos ou empobrecemos as nossas capacidades conceituais.
(7) O que é inconcebível hoje pode ser concebível amanhã, conforme enriquecemos as nossas capacidades conceituais.
Logo,
(8) não estamos em condições de concluir com absoluta certeza sobre a verdade de um enunciado do tipo "é impossível que p" ou "é necessário que p".
Este resultado se aplica a este mesmo argumento. A conclusão deve ser tomada com o mesmo epírito cético. Pode ser que amanhã estejamos em condições de concluir com absoluta certeza sobre a verdade de um enunciado do tipo "é impossível que p", mas atualmente não concebemos como fazê-lo. Não temos atualmente idéia de como nos desvencilhar do véu do concebível.
Ou seja, suponhamos que presentemente não temos como conceber uma refutação de T. Hoje *parece* impossível fazê-lo. Não estamos, assim, autorizados a dizer, com absoluta certeza, que jamais conceberemos esta refutação. Por outro lado, também não podemos, por isso, concluir, com certeza, que T seja absolutamente refutável. Embora hoje não consigamos conceber como evitar o véu do concebível, não podemos eliminar a possibilidade de que no futuro venhamos a conceber isto, o que provavelmente envolverá uma outra maneira de acessar as possibilidades ou uma outra maneira de conceber o horizonte do concebível [negando as premissas de (2) a (7)]. É difícil avançar aqui pq estamos no limite da razão tal como ela atualmente se concebe. Querer conceber como ela poderá se conceber no futuro, em outras condições, é desejar colocar a carroça diante dos bois. Não dá.
Lição: prudência cética.
Podemos desenvolver melhor este argumento do Sexto.
(1) O horizonte do possível e o horizonte do concebível não são coextensivos. Nem tudo que concebemos é possível. E é possível que algumas possibilidades não sejam concebíveis. Estão além das nossas capacidades conceituais.
(2) Só podemos acessar possibilidades através do que concebemos, ou seja, através de nossas capacidades conceituais.
(3) Não há uma intuição intelectual das possibilidades. Temos de pensá-las, concebê-las.
(4) Há, portanto, entre nós e o horizonte das possibilidades o véu do concebível.
(5) A evidência mais forte que podemos ter para um enunciado do tipo "é impossível que p" é a mesma que temos para um enunciado do tipo "presentemente, é inconcebível que p". Isto se segue da tese de que o único acesso que temos à possibilidade é por meio do concebível.
(6) O horizonte do concebível se expande ou se comprime conforme enriquecemos ou empobrecemos as nossas capacidades conceituais.
(7) O que é inconcebível hoje pode ser concebível amanhã, conforme enriquecemos as nossas capacidades conceituais.
Logo,
(8) não estamos em condições de concluir com absoluta certeza sobre a verdade de um enunciado do tipo "é impossível que p" ou "é necessário que p".
Este resultado se aplica a este mesmo argumento. A conclusão deve ser tomada com o mesmo epírito cético. Pode ser que amanhã estejamos em condições de concluir com absoluta certeza sobre a verdade de um enunciado do tipo "é impossível que p", mas atualmente não concebemos como fazê-lo. Não temos atualmente idéia de como nos desvencilhar do véu do concebível.
Ou seja, suponhamos que presentemente não temos como conceber uma refutação de T. Hoje *parece* impossível fazê-lo. Não estamos, assim, autorizados a dizer, com absoluta certeza, que jamais conceberemos esta refutação. Por outro lado, também não podemos, por isso, concluir, com certeza, que T seja absolutamente refutável. Embora hoje não consigamos conceber como evitar o véu do concebível, não podemos eliminar a possibilidade de que no futuro venhamos a conceber isto, o que provavelmente envolverá uma outra maneira de acessar as possibilidades ou uma outra maneira de conceber o horizonte do concebível [negando as premissas de (2) a (7)]. É difícil avançar aqui pq estamos no limite da razão tal como ela atualmente se concebe. Querer conceber como ela poderá se conceber no futuro, em outras condições, é desejar colocar a carroça diante dos bois. Não dá.
Lição: prudência cética.
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