A experiência de X me fornece pelo menos o conhecimento da localização de X, e qualquer pessoa capaz de ter a experiência de X tem a capacidade de localizar X. Implicita e indiretamente, a experiência de X também fornece o conhecimento da existência de X. Essas cognições perceptivas não precisam envolver conceitos ou a capacidade de representar X com elevado grau de abstração ou generalidade . Conceitos aparecem apenas quando começamos a enriquecer a nossa concepção de X, quando começamos a adquirir conhecimentos relacionais de X, ou seja, quando X é colocado em relação com outras coisas e eventos.
A distinção entre contexto de descoberta e contexto de justificação é normalmente apresentada como marcando a diferença entre, por um lado, os processos de pensamento, teste e experimentação que de fato ocorreram em um laboratório ou em um ambiente de pesquisa e que levaram ou contribuíram para alguma descoberta científica e, de outro, os processos de justificação e validação dessa descoberta. Haveria, portanto, uma clara diferença entre descrever como cientistas chegaram a fazer certas alegações científicas, o que seria uma tarefa para as ciências empíricas, como a sociologia, a psicologia e a antropologia da ciência, e justificar essas alegações, o que seria uma tarefa para a epistemologia, uma disciplina normativa e não-empírica. Essa distinção é corriqueira em debates acerca do escopo da filosofia da ciência e teria sido explicitada inicialmente por Reichenbach. Contudo, quando examinamos a maneira como ele circunscreveu as tarefas da epistemologia, notamos que alguns elemento...
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