Não faz muito sentido esperar ou por um evento muito pouco provável, ou por um evento muito provável, se desconsiderarmos os benefícios que se pode obter com a ocorrência do evento. Sendo assim, uma espera é mais racional quanto mais a probabilidade de ocorrer o evento esperado estiver próxima de 0.5. Mas não se trata aqui da probabilidade objetiva e sim da probabilidade estimada, ou da probabilidade de um evento ocorrer relativamente ao conhecimento que o sujeito tem. Em outras palavras, um evento pode ter a probabilidade 1, mas, para um determinado sujeito, em virtude do que ele sabe, sua estimativa pode ser de que a probabilidade deste evento ocorrer seja 0.5. É racional que ele espere a ocorrência deste evento. Outro fator que pesa sobre a racionalidade da espera é o bem ou prejuízo que a ocorrência de um evento pode acarretar para um sujeito. Novamente, devemos entender o bem/prejuízo estimados. Quanto maior o bem decorrente de um evento, mais racional é a espera pela ocorrência deste evento. A probabilidade de um evento ocorrer e o bem acarretado pela ocorrência de um evento não caminham lado a lado e um pode contrabalancear o outro. Esperar por algo muito pouco provável é irracional, mas se o benefício do que se espera for muito grande, então essa espera se torna racional.
A distinção entre contexto de descoberta e contexto de justificação é normalmente apresentada como marcando a diferença entre, por um lado, os processos de pensamento, teste e experimentação que de fato ocorreram em um laboratório ou em um ambiente de pesquisa e que levaram ou contribuíram para alguma descoberta científica e, de outro, os processos de justificação e validação dessa descoberta. Haveria, portanto, uma clara diferença entre descrever como cientistas chegaram a fazer certas alegações científicas, o que seria uma tarefa para as ciências empíricas, como a sociologia, a psicologia e a antropologia da ciência, e justificar essas alegações, o que seria uma tarefa para a epistemologia, uma disciplina normativa e não-empírica. Essa distinção é corriqueira em debates acerca do escopo da filosofia da ciência e teria sido explicitada inicialmente por Reichenbach. Contudo, quando examinamos a maneira como ele circunscreveu as tarefas da epistemologia, notamos que alguns elemento...
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