O que poderia levar um sujeito a considerar a utilidade da vida um valor maior que a própria vida? O excesso de vaidade é uma possibilidade. A necessidade deste indivíduo de ser olhado e admirado é tão grande que ele só consegue imaginar como completamente miserável e sem sentido a vida de alguém que não é necessária ou almejada por mais ninguém. No entanto, alguém pode admirar a si mesmo, ainda que ninguém mais o admire e, assim, sentir-se necessário e útil para si mesmo. O ponto aqui a ser enfatizado é que o valor de um valor pode estar atrelado à uma necessidade ou demanda psicológica.
A distinção entre contexto de descoberta e contexto de justificação é normalmente apresentada como marcando a diferença entre, por um lado, os processos de pensamento, teste e experimentação que de fato ocorreram em um laboratório ou em um ambiente de pesquisa e que levaram ou contribuíram para alguma descoberta científica e, de outro, os processos de justificação e validação dessa descoberta. Haveria, portanto, uma clara diferença entre descrever como cientistas chegaram a fazer certas alegações científicas, o que seria uma tarefa para as ciências empíricas, como a sociologia, a psicologia e a antropologia da ciência, e justificar essas alegações, o que seria uma tarefa para a epistemologia, uma disciplina normativa e não-empírica. Essa distinção é corriqueira em debates acerca do escopo da filosofia da ciência e teria sido explicitada inicialmente por Reichenbach. Contudo, quando examinamos a maneira como ele circunscreveu as tarefas da epistemologia, notamos que alguns elemento...
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