"X parece F a S" não é o relato de algo que se apreende imediatamente. O
conteúdo de "X parece F a S" é que X é F. Se X é F, então a experiência
por trás de "X parece F a S" é a experiência de ver que X é F. Se X não
é F, então a experiência não é de ver. Trata-se de uma experiência
enganosa.
Gostaríamos de ter algo mais imediato para caracterizar esta experiência
enganosa. Mas talvez não tenhamos. Ou talvez não precisemos. "O bastão
semi-imerso na água parece torto". Temos aqui um parecer qualitativo,
não endossamos a propriedade de ser torto do bastão. Qual o conteúdo
desta experiência? Seu conteúdo é a de que o bastão é torto. Temos o
mesmo tipo de experiência que teríamos se o bastão fosse torto. Na
verdade, neste caso é mais adequado dizer que estamos diante de um
parecer genérico. O bastão parece torto sem parecer um torto
determinado, pois a presença da água no cenário impede que o bastão
pareça um torto determinado, isto é, impede que o bastão pareça
exatamente como parece um bastão que é torto. É o caso de dizermos aqui
também que o bastão apenas parece ser torto, pois, neste caso, já
sabemos que o conteúdo da experiência é falso. Não só não endossamos o
conteúdo como o negamos.
Como respondemos à pergunta: "por que o bastão parece torto?". Por que
o bastão está imerso na água e, em tais circunstância, ele parece
assim.
O vocabulário ordinário sobre objetos físicos e as suas qualidades é
suficiente para caracterizar o conteúdo de todas as experiências
perceptivas. Quando a experiência não é um ver, quando é ilusória,
simplesmente não endossamos a afirmação que caracteriza o seu conteúdo.
Agora, vamos usar estes resultados para lidar com as figuras
ambíguas. Kuhn quer defender que, na mudança de gestalt, o estímulo
permanece o mesmo, mas não a experiência. De fato, isto pode ocorrer, a
questão crucial, no entanto, é se isto tem as implicações epistêmicas
que Kuhn desejou extrair. Quando vejo a figura L-P como a figura de um
pato, o conteúdo da minha experiência é a de que a figura, lá, é a de um
pato. Quando vejo a figura L-P como a figura de uma lebre, o conteúdo da
minha experiência é a de que a figura, lá, é a de uma lebre. São duas
experiências distintas, pois os conteúdos delas são distintos. O que
impressiona o filósofo é que, em princípio, pode-se dizer que toda
circunstância no mundo que confirma o conteúdo da primeira experiência
também confirma o conteúdo da segunda experiência. A diferença evidencial,
portanto, estaria no sujeito. Mas este talvez seja um jeito errado de
entender a situação.
conteúdo de "X parece F a S" é que X é F. Se X é F, então a experiência
por trás de "X parece F a S" é a experiência de ver que X é F. Se X não
é F, então a experiência não é de ver. Trata-se de uma experiência
enganosa.
Gostaríamos de ter algo mais imediato para caracterizar esta experiência
enganosa. Mas talvez não tenhamos. Ou talvez não precisemos. "O bastão
semi-imerso na água parece torto". Temos aqui um parecer qualitativo,
não endossamos a propriedade de ser torto do bastão. Qual o conteúdo
desta experiência? Seu conteúdo é a de que o bastão é torto. Temos o
mesmo tipo de experiência que teríamos se o bastão fosse torto. Na
verdade, neste caso é mais adequado dizer que estamos diante de um
parecer genérico. O bastão parece torto sem parecer um torto
determinado, pois a presença da água no cenário impede que o bastão
pareça um torto determinado, isto é, impede que o bastão pareça
exatamente como parece um bastão que é torto. É o caso de dizermos aqui
também que o bastão apenas parece ser torto, pois, neste caso, já
sabemos que o conteúdo da experiência é falso. Não só não endossamos o
conteúdo como o negamos.
Como respondemos à pergunta: "por que o bastão parece torto?". Por que
o bastão está imerso na água e, em tais circunstância, ele parece
assim.
O vocabulário ordinário sobre objetos físicos e as suas qualidades é
suficiente para caracterizar o conteúdo de todas as experiências
perceptivas. Quando a experiência não é um ver, quando é ilusória,
simplesmente não endossamos a afirmação que caracteriza o seu conteúdo.
Agora, vamos usar estes resultados para lidar com as figuras
ambíguas. Kuhn quer defender que, na mudança de gestalt, o estímulo
permanece o mesmo, mas não a experiência. De fato, isto pode ocorrer, a
questão crucial, no entanto, é se isto tem as implicações epistêmicas
que Kuhn desejou extrair. Quando vejo a figura L-P como a figura de um
pato, o conteúdo da minha experiência é a de que a figura, lá, é a de um
pato. Quando vejo a figura L-P como a figura de uma lebre, o conteúdo da
minha experiência é a de que a figura, lá, é a de uma lebre. São duas
experiências distintas, pois os conteúdos delas são distintos. O que
impressiona o filósofo é que, em princípio, pode-se dizer que toda
circunstância no mundo que confirma o conteúdo da primeira experiência
também confirma o conteúdo da segunda experiência. A diferença evidencial,
portanto, estaria no sujeito. Mas este talvez seja um jeito errado de
entender a situação.
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