Nunca dei muita pelota para os estudos psicológicos que buscam mostrar que o ser humano pensa ilogicamente. Há muito espaço para como interpretar os resultados destes experimentos, sem contar as condições em que eles geralmente são realizados. Mas essa semana eu pude constatar a dificuldade que as pessoas têm em lidar com a implicação material. Chega a ser espantoso. Minha conclusão é que as pessoas realmente caem com enorme facilidade na falácia do conseqüente. Ou seja, elas geralmente desenvolvem o seguinte raciocínio:
Se A, então B
B
-------------
Logo A.
Existe uma maneira muito simples de perceber que este raciocínio é inválido. Se substituírmos as premissas A e B, reespectivamente por "Se chove, então a rua está molhada" e "a rua está molhada", então podemos ver claramente que a conclusão "chove/choveu" não se segue das premissas. Afinal, um caminhão-pipa poderia ter passado pela rua e lançado água sobre ela.
Notei também que as pessoas têm mais facilidade em cair nessa falácia do que em perceber que o enunciado "Se não B, então não A" é equivalente ao enunciado "Se A, então B". É mais comum, portanto, elas aderirem à falácia acima do que aceitarem o correto raciocínio abaixo:
Se chove, então a rua está molhada.
A rua não está molhada.
--------------------------------------------
Logo, não choveu.
Talvez possamos apelar para uma psicologia humeana a fim de explicar essa aceitação mais fácil da falácia e a repulsa ligeira do argumento válido. Em nossa percepção do mundo, constantemente vemos em concomitância a causa e o efeito, o antecedente e o conseqüente e isso nos leva ao hábito de pensamento de tomar o efeito como signo da presença da causa. Se sempre vemos o fogo gerando fumaça, vai chegar um momento em que, ao vermos apenas a fumaça, vamos imeditamente pensar que há fogo. Como o mundo é razoavelmente regular, esse raciocínio nem sempre nos leva ao erro. No entanto, é enganoso pensar que a presença da fumaça sempre implique a presença de fogo. A relação causal é do fogo para a fumaça e não da fumaça para o fogo. E um mesmo efeito pode ter causas diversas. A fumaça, por exemplo, poderia ter sido causada por uma reação química diferente da combustão e, portanto, sem a presença de fogo. Em todo caso, como estamos falando de hábitos de pensamento e, em especial, de pessoas sem uma mínima educação em lógica, parece natural que uma percepção constante da concomitância da causa e do efeito, em geral, instalam no indivíduo o hábito de pensar que do efeito pode-se concluir a presença da causa. Talvez como regra prática, haja vista a constituição singular do nosso mundo, essa inferência seja satisfatória, mas ela certamente não é dedutivamente válida.
Se A, então B
B
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Logo A.
Existe uma maneira muito simples de perceber que este raciocínio é inválido. Se substituírmos as premissas A e B, reespectivamente por "Se chove, então a rua está molhada" e "a rua está molhada", então podemos ver claramente que a conclusão "chove/choveu" não se segue das premissas. Afinal, um caminhão-pipa poderia ter passado pela rua e lançado água sobre ela.
Notei também que as pessoas têm mais facilidade em cair nessa falácia do que em perceber que o enunciado "Se não B, então não A" é equivalente ao enunciado "Se A, então B". É mais comum, portanto, elas aderirem à falácia acima do que aceitarem o correto raciocínio abaixo:
Se chove, então a rua está molhada.
A rua não está molhada.
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Logo, não choveu.
Talvez possamos apelar para uma psicologia humeana a fim de explicar essa aceitação mais fácil da falácia e a repulsa ligeira do argumento válido. Em nossa percepção do mundo, constantemente vemos em concomitância a causa e o efeito, o antecedente e o conseqüente e isso nos leva ao hábito de pensamento de tomar o efeito como signo da presença da causa. Se sempre vemos o fogo gerando fumaça, vai chegar um momento em que, ao vermos apenas a fumaça, vamos imeditamente pensar que há fogo. Como o mundo é razoavelmente regular, esse raciocínio nem sempre nos leva ao erro. No entanto, é enganoso pensar que a presença da fumaça sempre implique a presença de fogo. A relação causal é do fogo para a fumaça e não da fumaça para o fogo. E um mesmo efeito pode ter causas diversas. A fumaça, por exemplo, poderia ter sido causada por uma reação química diferente da combustão e, portanto, sem a presença de fogo. Em todo caso, como estamos falando de hábitos de pensamento e, em especial, de pessoas sem uma mínima educação em lógica, parece natural que uma percepção constante da concomitância da causa e do efeito, em geral, instalam no indivíduo o hábito de pensar que do efeito pode-se concluir a presença da causa. Talvez como regra prática, haja vista a constituição singular do nosso mundo, essa inferência seja satisfatória, mas ela certamente não é dedutivamente válida.
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