Quem é mais livre, aquele que se deixa levar pelas suas paixões ignorando os seus imperativos morais ou aquele que as enfrenta para seguir os ditames da razão? Os gritos de Nietzsche contra o espírito apolínio nos atordoa. Não é ele um grilhão, uma prisão para os impulsos criativos? Por outro lado, não é menos verdadeiro dizer que somos escravos das nossas emoções. O arrependimento ilustra bem isso. A sua força é proporcional à intensidade da paixão que causou a ação desditosa. Quem devemos libertar, a vontade ou a paixão? Essa tensão é a base da esquizofrenia humana.
A distinção entre contexto de descoberta e contexto de justificação é normalmente apresentada como marcando a diferença entre, por um lado, os processos de pensamento, teste e experimentação que de fato ocorreram em um laboratório ou em um ambiente de pesquisa e que levaram ou contribuíram para alguma descoberta científica e, de outro, os processos de justificação e validação dessa descoberta. Haveria, portanto, uma clara diferença entre descrever como cientistas chegaram a fazer certas alegações científicas, o que seria uma tarefa para as ciências empíricas, como a sociologia, a psicologia e a antropologia da ciência, e justificar essas alegações, o que seria uma tarefa para a epistemologia, uma disciplina normativa e não-empírica. Essa distinção é corriqueira em debates acerca do escopo da filosofia da ciência e teria sido explicitada inicialmente por Reichenbach. Contudo, quando examinamos a maneira como ele circunscreveu as tarefas da epistemologia, notamos que alguns elemento...
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