Terceiro critério de solidão: quando, em uma conversa, você não se sente motivado a responder o(s) seu(s) interlocutore(s), em especial se essa falta de motivação deriva do fato de você não ver sentido na conversa em curso. Essa falta de sentido, em um ambiente de conversa, lhe dá a consciência da sua estranheza e conseqüentemente a consciência da sua solidão. Quanto mais restritivo você for quanto ao que dá sentido a uma conversa, maiores as chances de vir a se sentir só. A regra de prudência aqui talvez fosse não esperar que uma conversa tenha algum sentido ou propósito.
Voltei ao assunto da ética da crença (veja aqui a minha contribuição anterior 194 ) para escrever um texto que possivelmente será publicado como um verbete em um compêndio de epistemologia. Nesta entrada, decidi enfatizar três maneiras pelas quais a discussão sobre normas para crer se relaciona com a ética, algo que nem sempre fica claro neste debate: (1) normas morais servem de analogia para pensar normas para a crença, ainda que os domínios normativos, o epistêmico e o moral, sejam distintos; (2) razões morais são os fundamentos últimos para adotar uma norma para crer e (3) razões morais podem incidir diretamente sobre a legitimidade de uma crença, a crença (o ato de crer) não seria assim um fenômeno puramente epistêmico. O item (3) representa sem dúvida a maneira mais forte pela qual, neste debate, epistemologia e ética se entrelaçam. Sobre ele, abordei sobretudo o trabalho da Rima Basu que, a meu ver, é uma das contribuições recentes mais interessantes e inovadoras ao debate da ét...
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