Não temos nenhuma métrica para a quantificação do sofrimento, pois sua natureza subjetiva impossibilita ou pelo menos dificulta bastante o estabelecimento de um quantum comum de sofrimento a partir do qual pudéssemos aferir a intensidade do sofrimento de cada indivíduo. Um mesmo estímulo provoca sofrimentos de intensidades distintas em pessoas diferentes. Difícil também saber exatamente o que medir, a reação corpórea e comportamental do indivíduo sofredor ou o impacto que a experiência do sofrimento tem na sua existência. A segunda opção obsta ainda mais uma métrica, pois adentra no terreno dos significados.
Ainda assim, somos capazes de avaliar intuitivamente o sofrimento. Cada qual se usa como métrica para estimar o sofrimento do outro e é mesmo capaz de fazer compensações ao conhecer um pouco mais a história ou os acontecimentos recentes deste outro. No fundo, assumimos que as discrepâncias individuais não sejam tão acentuadas. Correto ou não, preciso ou não, é assim que fazemos. Falo disto para agora falar de uma outra coisa.
O suicídio pode ser um ato genuinamente altruísta. Quem se matar, deixará de infringir dor e sofrimento a todos aqueles que o circundam, deixará de ser um consumidor da sociedade de mercados, contribuirá para uma emissão menor de gazes poluentes na atmosfera e, supondo que estes provocam ou contribuem para o aquecimento global, estará minorando o sofrimento de todas as espécies do planeta. Em outras palavras, a morte de um pode significar a subtração considerável do sofrimento total espalhado pelo mundo. Evidente que devemos compensar nessa conta o bem que este indivíduo deixará de fazer ao perecer. Daí a importância daquela capacidade de estimar o sofrimento alheio. Cada indivíduo deve fazer alguma idéia do bem e do mal que provoca, desconsiderando aqui as complicações que a relatividade destes termos impõem, e, em estimando o seu malefício maior que o seu benefício, terá feito um ato altruísta se optar pela aniquilação da sua vida em prol de um sofrimento menor no mundo.
Essa conta pode se complicar bastante se quisermos computar não só o bem e mal presentes e passados de um indivíduo, mas também os bens e males futuros. O terreno pantanoso das possibilidades futuras nos levaria a cálculos infinitos. Também podemos complicar se desejarmos integrar as estimativas individuais. O bem que um indivíduo estima fazer pode não ser o mesmo que outro estima que o primeiro faça. Eu posso fazer bem a muito mais pessoas do que imagino. E mal também. E nesta integração, a relatividade do bem e do mal não poderia ser ignorada. Ainda assim, numa perspectiva individual, o suicídio de um indivíduo é altruísta quando a sua morte minora o sofrimento que ele estima causar.
Ainda assim, somos capazes de avaliar intuitivamente o sofrimento. Cada qual se usa como métrica para estimar o sofrimento do outro e é mesmo capaz de fazer compensações ao conhecer um pouco mais a história ou os acontecimentos recentes deste outro. No fundo, assumimos que as discrepâncias individuais não sejam tão acentuadas. Correto ou não, preciso ou não, é assim que fazemos. Falo disto para agora falar de uma outra coisa.
O suicídio pode ser um ato genuinamente altruísta. Quem se matar, deixará de infringir dor e sofrimento a todos aqueles que o circundam, deixará de ser um consumidor da sociedade de mercados, contribuirá para uma emissão menor de gazes poluentes na atmosfera e, supondo que estes provocam ou contribuem para o aquecimento global, estará minorando o sofrimento de todas as espécies do planeta. Em outras palavras, a morte de um pode significar a subtração considerável do sofrimento total espalhado pelo mundo. Evidente que devemos compensar nessa conta o bem que este indivíduo deixará de fazer ao perecer. Daí a importância daquela capacidade de estimar o sofrimento alheio. Cada indivíduo deve fazer alguma idéia do bem e do mal que provoca, desconsiderando aqui as complicações que a relatividade destes termos impõem, e, em estimando o seu malefício maior que o seu benefício, terá feito um ato altruísta se optar pela aniquilação da sua vida em prol de um sofrimento menor no mundo.
Essa conta pode se complicar bastante se quisermos computar não só o bem e mal presentes e passados de um indivíduo, mas também os bens e males futuros. O terreno pantanoso das possibilidades futuras nos levaria a cálculos infinitos. Também podemos complicar se desejarmos integrar as estimativas individuais. O bem que um indivíduo estima fazer pode não ser o mesmo que outro estima que o primeiro faça. Eu posso fazer bem a muito mais pessoas do que imagino. E mal também. E nesta integração, a relatividade do bem e do mal não poderia ser ignorada. Ainda assim, numa perspectiva individual, o suicídio de um indivíduo é altruísta quando a sua morte minora o sofrimento que ele estima causar.
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