Dilema da amizade. Suponha que você tenha uma informação relevante que, se transmitida a terceiros, poderia evitar com que o seu amigo se ferisse gravemente. No entanto, seu amigo lhe pede que não transmita a informação e enfatiza a confiança que deposita em você, além disso, ele está bem ciente do seu risco. O que você, na qualidade de amigo, faz? Que tem mais importância em uma relação de amizade, o seu afeto pelo amigo, pela vida do amigo, pelo seu bem-estar, ou a confiança sobre a qual a relação se estabelece? Se você transmite a informação e quebra, assim, a confiança do seu amigo, é mesmo possível que a amizade termine, que seu amigo não o perdoe. E, de fato, parece ser difícil ser amigo de alguém em quem você não confia. Mas será a confiança necessária? Por outro lado, se você não transmite a informação e o seu amigo se fere quase mortalmente, não se poderia dizer que o seu apreço pelo amigo era demasiado pequeno a ponto de nem qualificarmos a relação que tinha com ele como a de amizade, já que não se importou o suficiente com a vida dele? Não, já que poderá se defender dizendo que o fez em nome da confiança que ele depositou em você. Por outro lado, se trai a confiança dele contanto a informação, também poderá se defender diante dele dizendo que o fez motivado pela preocupação com o seu bem estar. Mas eu ainda me pergunto, o que é mais necessário para a amizade, o apreço pela vida ou a confiança? Ou não há uma moeda comum para medir tal coisa? O que dá para dizer é que tanto uma quanto a outra são fundamentais para a amizade, já que a falta de uma pode ser justificada em nome da outra, o que não significa que as partes acusadoras aceitarão a justificativa. Mas ela é compreensível.
Ontem tive uma excelente discussão com o Everton Garcia da Costa (UFRGS) e André Dirceu Gerardi (FGV-SP), a convite do NUPERGS, sobre Desafios e Limitações do ChatGPT nas ciências humanas . Agradeço a ambos pela aprendizagem propiciada. Gostaria de fazer duas considerações que não enfatizei o bastante ou esqueci mesmo de fazer. Insisti várias vezes que o ChatGPT é um papagaio estocástico (a expressão não é minha, mas de Emily Bender , professora de linguística computacional) ou um gerador de bobagens. Como expliquei, isso se deve ao fato de que o ChatGPT opera com um modelo amplo de linguagem estatístico. Esse modelo é obtido pelo treinamento em um corpus amplo de textos em que a máquina procurará relações estatísticas entre palavras, expressões ou sentenças. Por exemplo, qual a chance de “inflação” vir acompanhada de “juros” numa mesma sentença? Esse é o tipo de relação que será “codificada” no modelo de linguagem. Quanto maior o corpus, maiores as chances de que esse modelo ...
Comentários
(oi :-)
O que pensas sobre a pergunta que está lá no blog das Conntradições?
Pensei logo de cara em ti: o que será que o Eros responderia?
(dá uma flanada lá no primeiro post?)
beijos
sANdrA