1) A tese do determinismo é inicialmente simples de se enunciar: todo efeito tem uma causa ou um conjunto de causas e o primeiro é completamente determinado pelas segundas, isto é, tanto a ocorrência do efeito quanto as suas propriedades podem ser explicadas pelas suas causas.
2) A tese do livre-arbítrio afirma que uma ação é livre se ela não é constrangida ou causada.
A incompatibilidade entre as duas teses é patente. A ação humana, sendo ela um evento ou efeito, pelo determinismo, teria uma causa. Um voluntarista defensor da tese 2) afirma que não.
Mas há, então, um problema para o voluntarista: se a ação de um sujeito não é causada, como iremos responsabilizar o sujeito por ela? Precisamos de relações causais que relacionem as intenções do sujeito às suas ações tanto quanto para explicar o movimento da bola de bilhar ao ser atingida por uma outra. Sendo assim, temos:
3) A tese da responsabilidade moral, um sujeito é responsável por uma ação que podemos lhe imputar, isto é, por uma ação cuja causa é a sua vontade e as suas intenções.
O voluntarista pode, por um lado, se defender: não são as ações que são livres, mas sim o sujeito, a sua vontade. Por outro lado, esse passo para atrás não parece atenuar muito a dificuldade. Se a vontade ou o ato de decisão do sujeito é completamente não constrangido, não causado, a origem da sua ação seria completamente arbitrária e não parece fazer mais sentido imputar um sujeito por uma ação de origem arbitrária do que por uma ação constrangida por fatores alheios à sua vontade.
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