Há um sentido de "Eu compreendo" que se remete não ao significado do que é dito, mas a uma experiência vivida que além de explicar o que é dito, tornando-o inteligível, aproxima também falante e ouvinte por um elo empático. Este elo não pode ser suprimido da compreensão sem perda de inteligibilidade. Não é à toa que presenciamos o surgimento de sentimentos gregários entre pessoas que passaram pelos mesmos sofrimentos. Elas podem dizer umas para as outras com maior autoridade "Eu compreendo". Se queremos compreender alguém, temos que tentar nos aproximar do seu vivido, temos que tentar assimilá-lo a nossa própria vivência.
A distinção entre contexto de descoberta e contexto de justificação é normalmente apresentada como marcando a diferença entre, por um lado, os processos de pensamento, teste e experimentação que de fato ocorreram em um laboratório ou em um ambiente de pesquisa e que levaram ou contribuíram para alguma descoberta científica e, de outro, os processos de justificação e validação dessa descoberta. Haveria, portanto, uma clara diferença entre descrever como cientistas chegaram a fazer certas alegações científicas, o que seria uma tarefa para as ciências empíricas, como a sociologia, a psicologia e a antropologia da ciência, e justificar essas alegações, o que seria uma tarefa para a epistemologia, uma disciplina normativa e não-empírica. Essa distinção é corriqueira em debates acerca do escopo da filosofia da ciência e teria sido explicitada inicialmente por Reichenbach. Contudo, quando examinamos a maneira como ele circunscreveu as tarefas da epistemologia, notamos que alguns elemento...
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