Há um sentido de "Eu compreendo" que se remete não ao significado do que é dito, mas a uma experiência vivida que além de explicar o que é dito, tornando-o inteligível, aproxima também falante e ouvinte por um elo empático. Este elo não pode ser suprimido da compreensão sem perda de inteligibilidade. Não é à toa que presenciamos o surgimento de sentimentos gregários entre pessoas que passaram pelos mesmos sofrimentos. Elas podem dizer umas para as outras com maior autoridade "Eu compreendo". Se queremos compreender alguém, temos que tentar nos aproximar do seu vivido, temos que tentar assimilá-lo a nossa própria vivência.
Irracionalismo é a tese de que os nossos julgamentos são arbitrários. O irracionalismo pode aplicar-se apenas a um setor do conhecimento humano. Por exemplo, podemos ser irracionalistas morais. Assim, julgamentos morais sobre como agir, o que fazer, o que é certo e errado são arbitrários, não temos uma razão para eles, eles não se fundam em nada que possa legitimá-los diante dos outros. Podem ser fomentados por nossas emoções ou desejos, mas nada disso tira a sua arbitrariedade diante da razão. Chegaríamos ao irracionalismo moral se tivéssemos razões para pensar que não há nada na razão que pudesse amparar julgamentos morais. Isto é, dado um dilema moral do tipo "devo fazer X ou ~X", não há ao que apelar racionalmente para decidir a questão. Donde se seque que, qualquer decisão que você tomar, seja a favor de X, seja de ~X, será arbitrária. Como poderia a razão ser tão indiferente à moralidade? Primeiro vejamos o que conferiria autoridade racional a um julgamento moral, pois ...
Comentários