Se Ele sabe tudo o que há para ser sabido, então obviamente Ele pode fazer tudo o que é necessário para o que quer que possa ser sabido, o que, no entanto, não implica que ele tudo possa fazer, caso haja coisas que se possa fazer que não sejam necessitadas por algum saber. Não é evidente, assim, que onisciência implique onipotência. Porém, se saber for um tipo de fazer, então fica claro que a onipotência implica a onisciência.
Humanamente falando, a perspectiva de imaginar alguém onisciente é desalentador. Se, por um lado, todo o desejo particular de saber é automaticamente satisfeito, por outro, o desejo de desejar saber será eternamente frustrado. Não é por outro motivo que, sob este aspecto, estamos bem longe de termos sido feitos a sua imagem e semelhança. Ele não deseja, ou, se deseja, o faz de uma maneira bem diversa da nossa, pulsiva. Digamos que ele não deseja senão motivado por razões. Como Ele tudo sabe, não há qualquer razão para ter o desejo de desejar saber. Assim, Ele não se frustra.
E quando penso num ser humano, isso não parece fazer muito sentido. Mesmo que tal humano tudo soubesse, mesmo que ele não tivesse qualquer razão para ter o desejo de desejar saber, ainda assim parece perfeitamente compreensível que ele o desejasse, para a sua total infelicidade. Nós humanos temos desejos dados, fatos brutos da natureza, temos desejo de amor, de amar, de comer, de saber, de sexo; o objeto do desejo varia tanto que podemos dizer desejar até o impossível e o incompreensível. Pode alguém entender o desejo do místico e do transcendente? Enquanto desejo, sim. Mas não temos qualquer idéia do que venha a ser a satisfação desse desejo. Quando muito, que ele supera o prazer do maior prazer que já sentimos ou que poderíamos sentir, se o excetuamos. O desejo do místico, se satisfeito, nos fornece o maior dos prazeres possíveis.
E quanto maior o prazer que supomos ou imaginamos ter com a satisfação de um desejo, mais sofremos com a sua insatisfação, consciente ou não. Condição lastimável esta de padecer o desejo de uma situação que sequer sabemos como poderia ser satisfeita. E, no entanto, somos levados a ele pelo nosso desejo de prazer. A mera promessa do maior dos prazeres nos leva a desejá-lo, não como uma razão, mas como uma força a qual dificilmente relutamos. No caso humano, é mais do que um alívio não saber tudo o que há para ser sabido. Vai que não fosse possível satisfazer o desejo de transcendência. Não saber tal coisa ainda nos permite alguma esperança, mas se o soubéssemos impossível, teríamos de arranjar forças para suportar a dupla frustração de não obter o maior dos prazeres agora e sempre. Talvez, então, a vida perdesse sentido, aos nossos olhos. Ele foi sábio ao nos fazer finitos.
Humanamente falando, a perspectiva de imaginar alguém onisciente é desalentador. Se, por um lado, todo o desejo particular de saber é automaticamente satisfeito, por outro, o desejo de desejar saber será eternamente frustrado. Não é por outro motivo que, sob este aspecto, estamos bem longe de termos sido feitos a sua imagem e semelhança. Ele não deseja, ou, se deseja, o faz de uma maneira bem diversa da nossa, pulsiva. Digamos que ele não deseja senão motivado por razões. Como Ele tudo sabe, não há qualquer razão para ter o desejo de desejar saber. Assim, Ele não se frustra.
E quando penso num ser humano, isso não parece fazer muito sentido. Mesmo que tal humano tudo soubesse, mesmo que ele não tivesse qualquer razão para ter o desejo de desejar saber, ainda assim parece perfeitamente compreensível que ele o desejasse, para a sua total infelicidade. Nós humanos temos desejos dados, fatos brutos da natureza, temos desejo de amor, de amar, de comer, de saber, de sexo; o objeto do desejo varia tanto que podemos dizer desejar até o impossível e o incompreensível. Pode alguém entender o desejo do místico e do transcendente? Enquanto desejo, sim. Mas não temos qualquer idéia do que venha a ser a satisfação desse desejo. Quando muito, que ele supera o prazer do maior prazer que já sentimos ou que poderíamos sentir, se o excetuamos. O desejo do místico, se satisfeito, nos fornece o maior dos prazeres possíveis.
E quanto maior o prazer que supomos ou imaginamos ter com a satisfação de um desejo, mais sofremos com a sua insatisfação, consciente ou não. Condição lastimável esta de padecer o desejo de uma situação que sequer sabemos como poderia ser satisfeita. E, no entanto, somos levados a ele pelo nosso desejo de prazer. A mera promessa do maior dos prazeres nos leva a desejá-lo, não como uma razão, mas como uma força a qual dificilmente relutamos. No caso humano, é mais do que um alívio não saber tudo o que há para ser sabido. Vai que não fosse possível satisfazer o desejo de transcendência. Não saber tal coisa ainda nos permite alguma esperança, mas se o soubéssemos impossível, teríamos de arranjar forças para suportar a dupla frustração de não obter o maior dos prazeres agora e sempre. Talvez, então, a vida perdesse sentido, aos nossos olhos. Ele foi sábio ao nos fazer finitos.
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