"Filosofia brasileira" não deveria ser confundida com "filosofia do Brasil", se, por esta expressão, entendemos filosofia feita sobre o Brasil, sobre questões culturais-existenciais brasileiras. É curioso, pois quando se fala em filosofia francesa ou inglesa, ninguém pensa automaticamente que se esteja referindo a filosofias sobre aspectos da cultura francesa ou inglesa. "Filosofia francesa" quer dizer apenas filosofia feita por franceses. "Filosofia brasileira" também deveria dizer algo semelhante, ou seja, filosofia feita por brasileiros. Que filosofia? Qualquer uma, não importa, desde que seja filosofia e não apenas um comentário sobre filosofia ou uma história da filosofia. Se alguém cita Flusser, Roberto Gomes e Bazzo como exemplos de filosofia brasileira, mas não cita Claudio Costa, Décio Krause e Newton da Costa e até resiste em fazê-lo, então essa pessoa claramente confunde "filosofia brasileira" com "filosofia do brasil" ou simplesmente toma ambas as expressões como sinônimas.
A distinção entre contexto de descoberta e contexto de justificação é normalmente apresentada como marcando a diferença entre, por um lado, os processos de pensamento, teste e experimentação que de fato ocorreram em um laboratório ou em um ambiente de pesquisa e que levaram ou contribuíram para alguma descoberta científica e, de outro, os processos de justificação e validação dessa descoberta. Haveria, portanto, uma clara diferença entre descrever como cientistas chegaram a fazer certas alegações científicas, o que seria uma tarefa para as ciências empíricas, como a sociologia, a psicologia e a antropologia da ciência, e justificar essas alegações, o que seria uma tarefa para a epistemologia, uma disciplina normativa e não-empírica. Essa distinção é corriqueira em debates acerca do escopo da filosofia da ciência e teria sido explicitada inicialmente por Reichenbach. Contudo, quando examinamos a maneira como ele circunscreveu as tarefas da epistemologia, notamos que alguns elemento...
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