"Filosofia brasileira" não deveria ser confundida com "filosofia do Brasil", se, por esta expressão, entendemos filosofia feita sobre o Brasil, sobre questões culturais-existenciais brasileiras. É curioso, pois quando se fala em filosofia francesa ou inglesa, ninguém pensa automaticamente que se esteja referindo a filosofias sobre aspectos da cultura francesa ou inglesa. "Filosofia francesa" quer dizer apenas filosofia feita por franceses. "Filosofia brasileira" também deveria dizer algo semelhante, ou seja, filosofia feita por brasileiros. Que filosofia? Qualquer uma, não importa, desde que seja filosofia e não apenas um comentário sobre filosofia ou uma história da filosofia. Se alguém cita Flusser, Roberto Gomes e Bazzo como exemplos de filosofia brasileira, mas não cita Claudio Costa, Décio Krause e Newton da Costa e até resiste em fazê-lo, então essa pessoa claramente confunde "filosofia brasileira" com "filosofia do brasil" ou simplesmente toma ambas as expressões como sinônimas.
Voltei ao assunto da ética da crença (veja aqui a minha contribuição anterior 194 ) para escrever um texto que possivelmente será publicado como um verbete em um compêndio de epistemologia. Nesta entrada, decidi enfatizar três maneiras pelas quais a discussão sobre normas para crer se relaciona com a ética, algo que nem sempre fica claro neste debate: (1) normas morais servem de analogia para pensar normas para a crença, ainda que os domínios normativos, o epistêmico e o moral, sejam distintos; (2) razões morais são os fundamentos últimos para adotar uma norma para crer e (3) razões morais podem incidir diretamente sobre a legitimidade de uma crença, a crença (o ato de crer) não seria assim um fenômeno puramente epistêmico. O item (3) representa sem dúvida a maneira mais forte pela qual, neste debate, epistemologia e ética se entrelaçam. Sobre ele, abordei sobretudo o trabalho da Rima Basu que, a meu ver, é uma das contribuições recentes mais interessantes e inovadoras ao debate da ét...
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