Almejamos que a filosofia no brasil se transforme no futuro em filosofia do brasil, isto é, almejamos que os estudos filosóficos feitos em território brasileiro se transformem no futuro em estudos filosóficos que expressam filosofias genuínas. Esta é a meta. É uma meta que, vamos supor, é compartilhada, embora com diferentes graus de consciência, por professores e alunos. Dados o fato de alunos e professores terem diferentes graus de compreensão quanto ao significado desta meta e a meta ela mesma, podemos nos perguntar: o que deve cada professor e aluno fazer em razão desta meta? Que a resposta não seja a mesma em cada caso parece evidente. Pode-se dizer que o professor é mais responsável que o aluno para a obtenção da meta, uma vez que tem dela um entendimento mais profundo. Além disso, eles possuem meios diversos para a obtenção da meta. Assim, a maneira como professores e alunos devem empregar estes meios difere.
O que o professor pode e deve fazer? Ele deve, antes de mais nada, tentar deixar claro ao aluno o processo histórico da filosofia no Brasil, indicando-lhe exemplarmente o tipo de trabalho filosófico que se tem feito hoje, mais historiográfico, e que é estimulado pela academia e o tipo de trabalho de índole mais filosófica e que se espera que venha a ser um dia também padrão na academia, sem exclusão do anterior. Em seguida, deve o professor estimular o aluno a realizar ambos os tipos de trabalho, para que ele mesmo se encontre, para que ele mesmo sinta para qual tipo de trabalho suas aptidões naturais foram talhadas. Deve o professor dedicar tanto cuidado na avaliação e entendimento das idéias de seu aluno quanto dedica aos seus autores e filósofos prediletos. Deve, a partir deste entendimento do pensamento do aluno, dialogar com ele argumentativamente, estimulando-o a pensar e a responder às críticas. Não deve o professor jamais menosprezar as idéias dos seus alunos, embora esteja no direito e mesmo no dever de expressar que são ruins, desde que dê as razões para que o aluno entenda o porquê. Enfim, cabe ao professor lutar para que a situação mude, para que o espaço dos tipos de trabalhos valorizados e desejáveis se amplie. E o mais importante: assim como as crianças assimilam o comportamento ético dos seus pais não tanto pelo que eles dizem, mas muito mais pelo que eles fazem, também assim age o pupilo acadêmico. Deste modo, é um dever primordial do professor dar exemplos de filosofar genuíno a partir dos seus próprios punhos ou ao menos dar mostras de que persegue o filosofar incansavelmente.
E ao aluno, cabe a ele apenas esperar que esse espaço se amplie? Não, definitivamente, não. Mesmo que seus professores não façam nada para facilitar a sua expressão filosófica, mesmo que ele tenha uma compreensão menos profunda da meta exposta, cabe a ele também lutar por aquilo que acredita e deseja, em especial, que suas idéias tenham algum valor. Se deseja que a situação seje outra, que haja espaço para expressar suas idéias, não pode meramente querer que os outros, os professores, lutem para trazer esse espaço à tona, ele mesmo deve, até aonde os seus meios permitirem, lutar para tanto. Se não consegue que seus textos filosóficos sejam lidos e devidamente comentados pelos seus professores, alie-se aos seus colegas, discuta e dialogue com eles. Procure outros professores ou ainda faça-se de si mesmo o seu mais agudo crítico, enfim, lute para filosofar tanto quanto puder. O aluno que não filosofa por falta de um espaço público para o filosofar é tão culpado quanto o professor que o recrimina por fazê-lo.
O que o professor pode e deve fazer? Ele deve, antes de mais nada, tentar deixar claro ao aluno o processo histórico da filosofia no Brasil, indicando-lhe exemplarmente o tipo de trabalho filosófico que se tem feito hoje, mais historiográfico, e que é estimulado pela academia e o tipo de trabalho de índole mais filosófica e que se espera que venha a ser um dia também padrão na academia, sem exclusão do anterior. Em seguida, deve o professor estimular o aluno a realizar ambos os tipos de trabalho, para que ele mesmo se encontre, para que ele mesmo sinta para qual tipo de trabalho suas aptidões naturais foram talhadas. Deve o professor dedicar tanto cuidado na avaliação e entendimento das idéias de seu aluno quanto dedica aos seus autores e filósofos prediletos. Deve, a partir deste entendimento do pensamento do aluno, dialogar com ele argumentativamente, estimulando-o a pensar e a responder às críticas. Não deve o professor jamais menosprezar as idéias dos seus alunos, embora esteja no direito e mesmo no dever de expressar que são ruins, desde que dê as razões para que o aluno entenda o porquê. Enfim, cabe ao professor lutar para que a situação mude, para que o espaço dos tipos de trabalhos valorizados e desejáveis se amplie. E o mais importante: assim como as crianças assimilam o comportamento ético dos seus pais não tanto pelo que eles dizem, mas muito mais pelo que eles fazem, também assim age o pupilo acadêmico. Deste modo, é um dever primordial do professor dar exemplos de filosofar genuíno a partir dos seus próprios punhos ou ao menos dar mostras de que persegue o filosofar incansavelmente.
E ao aluno, cabe a ele apenas esperar que esse espaço se amplie? Não, definitivamente, não. Mesmo que seus professores não façam nada para facilitar a sua expressão filosófica, mesmo que ele tenha uma compreensão menos profunda da meta exposta, cabe a ele também lutar por aquilo que acredita e deseja, em especial, que suas idéias tenham algum valor. Se deseja que a situação seje outra, que haja espaço para expressar suas idéias, não pode meramente querer que os outros, os professores, lutem para trazer esse espaço à tona, ele mesmo deve, até aonde os seus meios permitirem, lutar para tanto. Se não consegue que seus textos filosóficos sejam lidos e devidamente comentados pelos seus professores, alie-se aos seus colegas, discuta e dialogue com eles. Procure outros professores ou ainda faça-se de si mesmo o seu mais agudo crítico, enfim, lute para filosofar tanto quanto puder. O aluno que não filosofa por falta de um espaço público para o filosofar é tão culpado quanto o professor que o recrimina por fazê-lo.
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