"A lua parece do tamanho da tampa de uma garrafa". Esta frase pode se refraseada como: "o tamanho da lua vista da Terra tem a aparência do tamanho da tampa de uma garrafa vista a meio metro de distância". Ou seja, estamos comparando o modo como duas coisas se parecem. Chisholm chamou este uso do "parecer" de "uso comparativo". Para entender este uso do "parecer", não precisamos evocar dados dos sentidos, experiências privadas, impressões etc. Enunciados como "A lua parece do tamanho da tampa de uma garrafa" se limitam a comparar a aparência entre dois objetos ou entre instâncias de propriedades e esta aparência não é nada subjetiva. Qualquer um pode, em condições adequadas, observá-la. Para ver que a lua parece do tamanho da tampa de uma garrafa, tenho de estar na Terra. Se eu estiver na estratosfera, a lua terá outra aparência.
Chisholm argumenta também que há um uso não-comparativo de "parecer". Quando digo, "A parede parece branca", eu ainda comparativamente estou dizendo: "A parede parece da maneira como coisas brancas geralmente parecem". Contudo, o enunciado (i) "coisas brancas geralmente parecem brancas" não pode ser entendido da mesma maneira. Se analisássemos a expressão "parecem brancas" em (i) como sendo um uso comparativo de "parecer", então a versão estendida de (i) seria: "coisas brancas geralmente parecem como coisas brancas geralmente parecem", o que é uma tautologia. Assim, Chisholm conclui que "parecem brancas" é usada de modo não-comparativo em (i).
Chisholm diz que o uso não-comparativo de "parecer" capta o que é diretamente evidente. A pergunta que fica é se precisamos introduzir impressões, dados dos sentidos, experiências privadas para entender isto que é diretamente evidente e é captado pelo uso não-comparativo de "parecer". A tese não depende de que "parece vermelho", usado não-comparativamente, seja epistemologicamente anterior a "ser vermelho" ou "parece vermelho", usado comparativamente. Pode muito bem ser o caso de que só posso aprender o uso não-comparativo de "parecer" depois de ter aprendido o uso comparativo. Mas o ponto é: o que o uso não-comparativo está realmente captando?
Chisholm argumenta também que há um uso não-comparativo de "parecer". Quando digo, "A parede parece branca", eu ainda comparativamente estou dizendo: "A parede parece da maneira como coisas brancas geralmente parecem". Contudo, o enunciado (i) "coisas brancas geralmente parecem brancas" não pode ser entendido da mesma maneira. Se analisássemos a expressão "parecem brancas" em (i) como sendo um uso comparativo de "parecer", então a versão estendida de (i) seria: "coisas brancas geralmente parecem como coisas brancas geralmente parecem", o que é uma tautologia. Assim, Chisholm conclui que "parecem brancas" é usada de modo não-comparativo em (i).
Chisholm diz que o uso não-comparativo de "parecer" capta o que é diretamente evidente. A pergunta que fica é se precisamos introduzir impressões, dados dos sentidos, experiências privadas para entender isto que é diretamente evidente e é captado pelo uso não-comparativo de "parecer". A tese não depende de que "parece vermelho", usado não-comparativamente, seja epistemologicamente anterior a "ser vermelho" ou "parece vermelho", usado comparativamente. Pode muito bem ser o caso de que só posso aprender o uso não-comparativo de "parecer" depois de ter aprendido o uso comparativo. Mas o ponto é: o que o uso não-comparativo está realmente captando?
Comentários
Concordo, no entanto, que esta "saída" só demanda ainda mais argumentos a seu favor, pois não é intuitiva e fere princípios intuitivos de significação (como um enunciado empírico que não pode ser falseado pode, no entanto, ser verdadeiro?). Nada me impede de sempre ler "isto parece X" comparativamente e é o mais razoável de se fazer.
Mesmo um enunciado como "Isto parece branco, mas eu sei que é cinza" é lido de forma mais adequada como: "isto se parece ao modo como coisas brancas parecem, mas eu sei que, em condições normais de iluminação, é cinza".
Abraços,
Eros.