Adendo à entrada [102] . Irracionalismo e relativismo são teses distintas. O primeiro pode ser formulado assim: (I) para qualquer proposição p, não é mais racional aceitá-la do que rejeitá-la. E o relativismo assim: (R) para qualquer proposição p, a racionalidade de aceitar ou rejeitar p é relativa à (cultura|sujeito...). (I) não se segue logicamente de (R). Com efeito, enquanto (I) faz um uso absoluto do predicado "ser racional aceitar", (R) faz um uso relativo do mesmo predicado e sem uma premissa que explicite a conexão entre o uso relativo e o uso absoluto, não há como concluir (I) de (R). Avaliada absolutamente, (R) é auto-refutante. Avaliada relativamente, ela é coerente. Ou seja, diante da pergunta, "é racional aceitar (R)?", podemos responder "sim" em relação a uma cultura que sustenta (R), mas necessariamente temos de dizer "não" se pretendemos que a racionalidade de aceitar (R) esteja desvinculada de qualquer (cultura|sujeito...). (I),...