Eu não preciso saber que sei para saber; se precisasse, teria de enfrentar um regresso. Pois para saber que sei, teria também de saber que sei que sei e assim por diante. Porém, se eu posso saber sem saber que sei, eu não posso igualmente enfrentar o regresso que questiona que sei. A única saída parece ser: se eu sei, então eu sei que sei. Objetivamente, isto parece ser verdadeiro, mas aonde nos leva? A lugar algum, pois se eu não sei que sei, então não sei. E o regresso outra vez aparece espreitando na pergunta: o que é o caso? Que você sabe ou que você não sabe? Se você sabe, então você sabe que sabe que sabe...Mas se não sabe, então você não sabe que sabe...Em todo caso, se te serve de consolo, uma coisa é certa: ou você sabe, ou você não sabe. E se você sabe, então você sabe, ainda que não saiba disto.
Voltei ao assunto da ética da crença (veja aqui a minha contribuição anterior 194 ) para escrever um texto que possivelmente será publicado como um verbete em um compêndio de epistemologia. Nesta entrada, decidi enfatizar três maneiras pelas quais a discussão sobre normas para crer se relaciona com a ética, algo que nem sempre fica claro neste debate: (1) normas morais servem de analogia para pensar normas para a crença, ainda que os domínios normativos, o epistêmico e o moral, sejam distintos; (2) razões morais são os fundamentos últimos para adotar uma norma para crer e (3) razões morais podem incidir diretamente sobre a legitimidade de uma crença, a crença (o ato de crer) não seria assim um fenômeno puramente epistêmico. O item (3) representa sem dúvida a maneira mais forte pela qual, neste debate, epistemologia e ética se entrelaçam. Sobre ele, abordei sobretudo o trabalho da Rima Basu que, a meu ver, é uma das contribuições recentes mais interessantes e inovadoras ao debate da ét...
Comentários
estmos fazemdo um blog novo do colégio, gostaria que dessem uma olhada, sugestões e comentarios são sempre bem vindo ;]
Carmem
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