Aquela opinião para a qual você não tem qualquer evidência e que também não é tão óbvia a ponto de ser ininteligível manifestá-la é uma que você também não deve normalmente* manifestar, embora por uma razão distinta. Ou você acha que o seu ouvinte tem alguma razão para aceitá-la, ou acha que não tem. Se acha que tem e como você mesmo não tem nenhuma evidência ou razão para esta opinião, então a única razão para que o seu ouvinte a aceite é que você a aceita. Ou seja, você se representa como alguém muito especial, cujas opiniões devem ser aceitas apenas porque você, você em especial, as aceita. Se você acha que o seu ouvinte não tem alguma razão para aceitar a sua opinião, então por que a manifesta? Por que não a guarda para si? A não ser que seja uma matéria de gosto ou não estejamos em absoluto interessados no que é o caso, o que normalmente* não é ou não deveria ser o caso, não é apropriado manifestar como sendo o caso o que não podemos minimamente garantir como sendo o caso. O outro normalmente* espera a verdade e a sua opinião infundada, sem calço na evidência, afronta e desrespeita essa expectativa. Nesta circunstância, se não é irracional, então é no mínimo imoral manifestar a sua opinião. Em resumo, ou você se acha cognitivamente superior, ou você se acha moralmente superior quando manifesta a sua opinião infundada entre pessoas interessadas em saber o que é o caso. Em qualquer caso, você não deveria nos expor a sua opinião infundada.
Irracionalismo é a tese de que os nossos julgamentos são arbitrários. O irracionalismo pode aplicar-se apenas a um setor do conhecimento humano. Por exemplo, podemos ser irracionalistas morais. Assim, julgamentos morais sobre como agir, o que fazer, o que é certo e errado são arbitrários, não temos uma razão para eles, eles não se fundam em nada que possa legitimá-los diante dos outros. Podem ser fomentados por nossas emoções ou desejos, mas nada disso tira a sua arbitrariedade diante da razão. Chegaríamos ao irracionalismo moral se tivéssemos razões para pensar que não há nada na razão que pudesse amparar julgamentos morais. Isto é, dado um dilema moral do tipo "devo fazer X ou ~X", não há ao que apelar racionalmente para decidir a questão. Donde se seque que, qualquer decisão que você tomar, seja a favor de X, seja de ~X, será arbitrária. Como poderia a razão ser tão indiferente à moralidade? Primeiro vejamos o que conferiria autoridade racional a um julgamento moral, pois ...
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