Solidão fabricada: emerge quando a sua razão fica febril o suficiente para aceitar a dúvida cética. Primeiro você corta o seu contato com o mundo, expulsando-se dele. Este efeito é obtido por um processo de inflação infinita do Eu. De uma hora para outra, você se apropria do mundo no qual habita, dizendo-lhe só seu, produto da sua subjetividade. Não apenas as suas sensações e percepções são suas, o que é óbvio, mas também o conteúdo delas, o que não era óbvio. O mundo, então, diminui na medida que cresce o Eu. Você está agora sozinho no seu próprio mundo, na sua matrix. O próximo passo, já implicado pelo primeiro, é duvidar que as pessoas ao seu redor, que agora nem são mais pessoas, ao menos não com corpos, mas sim fabulações mentais, tenham uma mente, que elas tenham emoções semelhantes às suas e possam, assim, compartilhar o que você sente. Seu egoísmo com respeito ao seu, sim, só seu, mundo é tão gritante que lhe parece absurda a idéia de que outra pessoa pudesse compartilhá-lo. Se...