Em [69] e [70], inquiri, de maneira superficial, a origem do valor da vida. Recentemente, encontrei um texto do Cabrera que leva a questão mais a fundo. Ele faz uma interessante distinção entre éticas afirmativas e negativas. As primeiras tomam como pressuposto o valor da vida, enquanto as segundas vão um pouco mais longe e se perguntam pelo valor da vida, sua origem e se viver é compatível com uma vida ética.
A distinção entre contexto de descoberta e contexto de justificação é normalmente apresentada como marcando a diferença entre, por um lado, os processos de pensamento, teste e experimentação que de fato ocorreram em um laboratório ou em um ambiente de pesquisa e que levaram ou contribuíram para alguma descoberta científica e, de outro, os processos de justificação e validação dessa descoberta. Haveria, portanto, uma clara diferença entre descrever como cientistas chegaram a fazer certas alegações científicas, o que seria uma tarefa para as ciências empíricas, como a sociologia, a psicologia e a antropologia da ciência, e justificar essas alegações, o que seria uma tarefa para a epistemologia, uma disciplina normativa e não-empírica. Essa distinção é corriqueira em debates acerca do escopo da filosofia da ciência e teria sido explicitada inicialmente por Reichenbach. Contudo, quando examinamos a maneira como ele circunscreveu as tarefas da epistemologia, notamos que alguns elemento...
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