Em [93] discuti algumas intuições em torno da liberdade e da responsabilidade moral. Arrolei algumas razões tanto para a liberdade da espontaneidade quanto para a liberdade da indiferença. É difícil preferir uma em detrimento da outra, racionalmente. Vejamos, no entanto, o que é necessário mudar em nossa visão de mundo para sustentar a liberdade da indiferença.
Em visões não-transcendentais e não-dualistas da liberdade da indiferença, o indeterminismo parece ser necessário. O indeterminismo é a tese de que alguns eventos físicos não são causados, mas inauguram no mundo uma nova série causal. Sendo o ato de volição ou ato de escolher, decidir, deliberar um evento físico, caso este evento seja não causado, isto é, indeterminado, segue-se que ele é livre segundo a liberdade da indiferença. E a ação resultante deste ato é também livre e sobre a qual o indivíduo é responsável.
O indeterminismo gera, no entanto, um problema epistêmico. Dada uma ação qualquer, que também é um evento físico, na falta de um critério para distinguir eventos determinados de eventos indeterminados, não temos como saber se esta ação é causada ou não pela vontade do sujeito, a despeito de ter toda a aparência de voluntária, isto é, de ser o resultado de uma deliberação. Caso essa ação não seja determinada, caso ela seja a inauguração de uma nova cadeia de eventos no mundo, não podemos atribuir ao sujeito responsabilidade por ela.
A este respeito, então, a liberdade da indiferença não se encontra em situação melhor que a liberdade da espontaneidade. Lembremos que esta última também acarreta um problema epistêmico, a saber, distinguir, entre as causas internas aquelas que são dignas de imputar responsabilidade à ação resultante. Ações resultantes de compulsão, ainda que deliberadas, não nos parecem intuitivamente tão livres e, assim, o sujeito é menos responsável por elas.
Como ambas as liberdades acarretam dificuldades epistêmicas, a liberdade da espontaneidade soa mais plausível devido a sua economia e parcimônia metafísica. Não precisamos mudar a nossa visão científica do mundo para acomodá-la.
Em visões não-transcendentais e não-dualistas da liberdade da indiferença, o indeterminismo parece ser necessário. O indeterminismo é a tese de que alguns eventos físicos não são causados, mas inauguram no mundo uma nova série causal. Sendo o ato de volição ou ato de escolher, decidir, deliberar um evento físico, caso este evento seja não causado, isto é, indeterminado, segue-se que ele é livre segundo a liberdade da indiferença. E a ação resultante deste ato é também livre e sobre a qual o indivíduo é responsável.
O indeterminismo gera, no entanto, um problema epistêmico. Dada uma ação qualquer, que também é um evento físico, na falta de um critério para distinguir eventos determinados de eventos indeterminados, não temos como saber se esta ação é causada ou não pela vontade do sujeito, a despeito de ter toda a aparência de voluntária, isto é, de ser o resultado de uma deliberação. Caso essa ação não seja determinada, caso ela seja a inauguração de uma nova cadeia de eventos no mundo, não podemos atribuir ao sujeito responsabilidade por ela.
A este respeito, então, a liberdade da indiferença não se encontra em situação melhor que a liberdade da espontaneidade. Lembremos que esta última também acarreta um problema epistêmico, a saber, distinguir, entre as causas internas aquelas que são dignas de imputar responsabilidade à ação resultante. Ações resultantes de compulsão, ainda que deliberadas, não nos parecem intuitivamente tão livres e, assim, o sujeito é menos responsável por elas.
Como ambas as liberdades acarretam dificuldades epistêmicas, a liberdade da espontaneidade soa mais plausível devido a sua economia e parcimônia metafísica. Não precisamos mudar a nossa visão científica do mundo para acomodá-la.
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