O reconhecimento é importante? A academia deveria reconhecer os trabalhos filosóficos genuínos feitos por alguns brasileiros? Tenho dúvidas em dizer que ela deveria, embora esteja certo que seria bom para ela se reconhecesse. Na perspectiva do autor, o reconhecimento da academia deveria ser indiferente para a sua persistência no filosofar, como já argumentei em [111]. Para ele é bom que seja reconhecido, enquanto pessoa, enquanto ego, mas não é ou não deveria ser necessário enquanto ser de existência filosófica. Quando lemos a entrevista do Da Costa, percebemos claramente que o reconhecimento das suas idéias não era um objetivo, não era essencial para aliviar as suas inquietações, somente a persistência no filosofar e o filosofar mesmo podiam aliviar as suas inquietações. Que muitas de suas palestras tenham sido canceladas nos anos 60 não causou um cisco na sua convicção de que estava no caminho certo e de que, para ser fiel à sua existência filosófica, deveria continuar trilhando-o.
Irracionalismo é a tese de que os nossos julgamentos são arbitrários. O irracionalismo pode aplicar-se apenas a um setor do conhecimento humano. Por exemplo, podemos ser irracionalistas morais. Assim, julgamentos morais sobre como agir, o que fazer, o que é certo e errado são arbitrários, não temos uma razão para eles, eles não se fundam em nada que possa legitimá-los diante dos outros. Podem ser fomentados por nossas emoções ou desejos, mas nada disso tira a sua arbitrariedade diante da razão. Chegaríamos ao irracionalismo moral se tivéssemos razões para pensar que não há nada na razão que pudesse amparar julgamentos morais. Isto é, dado um dilema moral do tipo "devo fazer X ou ~X", não há ao que apelar racionalmente para decidir a questão. Donde se seque que, qualquer decisão que você tomar, seja a favor de X, seja de ~X, será arbitrária. Como poderia a razão ser tão indiferente à moralidade? Primeiro vejamos o que conferiria autoridade racional a um julgamento moral, pois ...
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